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Mil coisas

 
Em mil tardes
mil noites sem pagem
mil auroras de balidos,
mil pastores em mil montes
uivam com os rebanhos
as mil luas de lobos sem fome
que o capim mastiga
no alarme das mil dores do tempo.

Mil esfomeados chacais
em mil ramos pousados
esfrangalham os mil cães da vida
no milhar das encostas
fixas ao tacto do medo
... nas estepes andam mil mortes
no endereço de mil nomes.

E em mil planícies
mil luas cobiçadas
por mil olhares do sangue,
sob mil pragas do gesto
e bocas sem confissão
de mil gente sem sorte,
por entre mil rios quebradiços,
mil solidões voando em tapetes de sono
e mil sonhos por socorrer
ou milhões de mil coisas...
 
Autor
José António Antunes
 
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