A noite entra-me pelos olhos
escondida nos detalhes
imbuída de um silêncio servo
que engole o corpo por inteiro
e morre meigamente
nos afetos que o tempo deixa tombar
da sua majestosa simplicidade
Enquanto a vida dormita na candura
a saudade oculta nas sombras do coração
despe-se em lágrimas bem gizadas
aluviões de alma aos brados
que magoam sem saber
para que não esqueça
daquilo que os olhos também vêem.
É um tempo que se comenta em surdina
saindo-se-lhe a alma do corpo, concubina
uma emoção transbordando
vagindo o olhar, a arrulhar
um lamento cachopo
escondido no peito, voz velada
enquanto a vida repousa noutros ardis