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Vazio

 
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Vazio
 
Me perguntaram como estou agora
Acabei por não dar uma resposta
Afinal não a tenho faz tempo
O viver se tornou algo mecânico
Transformou-se em algo inorgânico
Deixo-me, a cada dia mais, de ser humano
Fecho meus olhos para não ver por onde ando
Sem a bênção e proteção de um santo
Caminho para um lugar sombrio
No limbo é esperado o meu destino
Entre o céu e o inferno eu serei um escrevo eterno
Preso em um mundo sem chão e sem teto.

A escuridão a cada dia me transforma
Ela se incorpora em uma forma pavorosa
E, ao mesmo tempo caridosa, me convidando para adentrá-la
Sobre ondas escuras somente a Lua pálida consigo enxergar
Não há saída de emergência, as nuvens são intensas
Não há criaturas, apenas a minha vaga existência
Em meu frágil corpo agora noto uma diferença
Onde estou não existe crença,
Apenas o nada, preto, não há terra, vento ou água
Eu carrego sobre mim minha penitência
A inexistência torna esse lugar minha sentença
Perpétua, culpado por uma vida sem regras
Hoje estou assim, sem respostas para minhas preces
Ficarei preso aqui, esperando que minha vida termine e recomece
Não há razão para ter pressa.

Gostaria de sentir o ar poluído da cidade de novo
Gostaria de comer feijão e arroz no almoço
Ou quem sabe apenas um colírio para minha visão ressecada
Minhas pupilas estão dilatadas
Minha pulsação segue acelerada, desenfreada
Minhas pernas por mim já não são comandadas
Eu perdi totalmente "o fim da meada"
Apenas sigo por uma interminável estrada
Desejando um fim, mesmo que isso signifique a morte
Que eu me sacrifique, meu corpo já não mais resiste
Quero apenas que acabe, quero escapar
Aqui não sinto meu coração, já não sinto mais seu palpitar.

O lado sombrio da Lua não é páreo
Onde eu estou não há espaço
Apenas o vazio, sem estrelas para iluminar meu caminho
Desde de que eu cheguei aqui eu estou perdido
Tentar escapar não faz sentido, pela escuridão fui engolido
Salvação se tornou uma simples lenda, mito
Queria que fosse verdade, cada vez mais eu perco minha humanidade
Amor, ódio, felicidade, ficaram na saudade.

 
Autor
AteopPensador
 
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