Luso-Poemas
 
Poemas -> Sociais : 

Desertificação

 
Não há homens nos campos
e os desertos ardem
na própria secura dos ossos.
As terras estão lavradas a sangue
por sulcos movediços
em que os animais se perdem
do tempo.
A paisagem é o verde sofrimento
da carne,
a mágoa confunde-se
na medula do horizonte
e as flores latem seus despojos
entre as cartilagens
de um ângulo
roubado num único lamento.

Não há pastores nos montes
e os anjos já não cantam
o lume dos olhos.
E quando o outono finda
os homens hibernam com as aves,
em bandos de poetas clandestinos.
A primavera trá-los-á de novo,
nos primeiros abraços de luz,
e o amanhã é um motim
na fé dos mais pobres.
... Longe da voz,
a ângustia curva de um vento
que chora de mão em mão,
de silêncio em silêncio.

http://lampejosmorenos.blogspot.com/

 
Autor
José António Antunes
Autor
Textos deste autorMais textos
Rss do autorRss do autor
EstatísticasEstatísticas
 
Texto
Data
Leituras
5661
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
Enviar este texto a um amigoEnviar
Imprimir este textoImprimir
Salvar este texto como PDFCriar um pdf
1 pontos
1
0
0
Recentes
Dá-me a razão
Pelo que somos
Enquanto a vida dorme
Deixa-me ser menino outra vez
Insónia
Aleatórios
Já notaste
Lamento ferido
Para quem amor é
Mulher beduína
Intranquilidades
Favoritos
Eu sei...
O meu coração
Sonho real em amor
Quando os homens
Culpa
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
MERCEDES PORDEUS
Publicado: 15/03/2008 21:06  Atualizado: 15/03/2008 21:06
Muito Participativo
Usuário desde: 13/01/2008
Localidade: Recife
Mensagens: 72
 Re: Desertificação
José Antonio
Vivemos numa época de desertificação, infelizmente.
O homem é responsável por ela em grande percentual e assim cava sua própria sepultura.
Vejo seu poema como um clamor, um chaamento à conscientização para que o homem acorde.
Parabéns e um abraço fraterno

Links patrocinados

Páginas em

Páginas sobre