Poemas : 

AR-190103

 





Passei a odiar relógios.
ponteiros me dão ira.
Acompanhar o tempo que
falta tortura-me, traz-me
conflitos nas longas esperas vãs.
Irritante, aquele dos segundos:
Tanta pressa, pra quê?
O de minutos, parecendo
subjugado a correria tanta,
aguarda; sóbrio, paciente
as céleres ultrapassagens.
Gosto do menor, o marcador
das horas cheias;
firme, soberbo, indiferente...
Fico horas ouvindo o cantar
do longevo carrilhão vertical
de parede com seu incansável:

Tic Tac... Tic Tac... Tic Tac...

Pego no criado mudo o
receituário, e releio:

'1 - tomar três drágeas com
pouca água de quatro em
quatro horas'

Ih!... Hora dos remédios!

 
Autor
ZeSilveiraDoBrasil
 
Texto
Data
Leituras
723
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
8 pontos
6
1
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 05/01/2019 12:21  Atualizado: 05/01/2019 12:21
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: AR-190103
Bom dia ZESILVEIRADOBRASIL, teus versos enredam ao cotidiano de muitos de nós depois de sermos condicionados a ingestão de muitos remédios em troca de uns dias a mais de vida, parabéns pelo vosso incisivo poema, um abraço, MJ.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/01/2019 06:40  Atualizado: 06/01/2019 06:40
 Re: AR-190103
tempo decrescente...
abraço, Zé carioca!


Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 11/01/2019 16:24  Atualizado: 11/01/2019 16:24
Colaborador
Usuário desde: 10/10/2012
Localidade:
Mensagens: 12485
 Re: AR-190103 P/ZESILVEIRADOBRASIL
Remédios para quê!

O relógio é o ajudante
a ter tempo para tudo?
Quando chega a hora agá
passamos todos, por ele
e ele, cego, surdo e mudo!

Gostei muito, abraço Vó