“E, todas as entidades que ignoro
sentem que as amo,
que aprecio a inutilidade dos seus olhos,”
João Rasteiro,
in “A Auscultação da Triangularidade”
“cego não é
aquele que não vê,
é todo aqueloutro
que não quer ver!...”
olhares amorfos, brutalmente amorfos,
não aprofundam a evidência
da singularidade observadora
numa amplitude consciencial.
um dia
a raiz do mundo
voltará a ser raiz,
de qualquer modo.
há um apetrecho inseguro
quando se olha de soslaio
ou se transmite um cabisbaixo
amedrontado.
o trânsito humano
descambará num dia maior
e todos os sinais luminosos
passarão a ser
meros estorvos paisagísticos.
mas nesse dia
continuará
a paisagem a existir?
ou a sua raiz secará
de inexorável modo?!...
António MR Martins
António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...