Poemas : 

Profetas que veem coisas que não acontecem

 
Tinha os dados todos,
rolava-os
no meio do casino
num sábado à tarde.

Ou, porque ouvia conversas,
agarrado a jornais
do amanhã
(a fonte donde jorravam palavras incessantes murmurava-lhe
ao ouvido todos os segredos do mundo).

Enriquecia no logro.
Vendido, vendia verdades voláteis.
A clientela faminta de mais perder
untava-lhe os vícios.

[Sete, nova-mente]

As fortunas
ganhas num jogo de adivinhas,
perdia-as aos dados
brancos e pretos,
amiúde sem pintas.

As revoluções que previa
nunca chegavam.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

O título foi retirado do livro "Sapiens - breve história da humanidade" pág. 284 de Yuval Noah Harari

Achei a frase tão poética...
 
Autor
Rogério Beça
 
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