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Uma fabulosa fábrica de "Eus"

 
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Uma fabulosa fábrica de “Eus”

O Sopro Divino provocara explosões infinitas produzindo seres viventes que se espalharam ao longo do tapete colossal do universo; tipos diversos amontoaram-se em legiões mundanas, protagonizando um mosaico colorido de mentes e psiques arrebatadoras.

Meu "Eu"
Arranca- me frutos
bons, semeia-me em êxtase
de amor. Impolutos.

Os sons vindos do feixe de luz opaca invadiram territórios frenéticos localizados nas fronteiras sôfregas da existência humana, esses barulhos perceptíveis apenas por ouvidos afinados, compõem a harmonia da orquestra regida por maestros brilhantes e únicos.

Teu “Eu”
Ajoelha-te, rogas
ao Semeador de almas, fazes
tu obras boas, vigoras.

As imagens refletidas nos espelhos das águas cristalinas, submersas em solos de caricaturas disformes, ecoam sons dedilhados em realejos que provocam estampidos estridentes, que causam dor e arrependimento; risos e lágrimas; amor e ódio.

Nosso “Eu”
Fazei-nos cordeiros,
mansos; criaturas de intensos
sonhos verdadeiros.

As tribos terrenas produzem movimentos vários, verdadeiros emaranhados de interpretações, que resultam: em instabilidades constantes, em incompreensões, em conflitos, em desregramentos incontestes interpretados por psiques desajustadas, desreguladas, descalibradas, pois, usam somente a insensatez como combustível principal em seus deslocamentos.

O Criador
Belo, Puro, Amoroso.
Fortaleza rija. Porta.
Misericordioso.

Os seres produzidos pelo Sopro, inicialmente, eram apenas indivíduos: nus, desdentados, incapazes, carentes. A metamorfose estupenda, incomparável, aconteceu por meio do poder inexpugnável do Criador, lapidando cada diamante, moldando o seu corpo, apascentando a sua alma e salvando o seu espírito.

O processo evolutivo desses indivíduos foi caracterizado por infinitas transformações; todas salvaguardadas pelo Criador. O andar trôpego passou a ser firme; a mente vazia passou a ser ocupada por virtudes; a incapacidade deu lugar ao aprofundamento do saber, do conhecimento; a vastidão da alma e do espírito foi concebida pelo amor, pela misericórdia, pelo perdão.

Esses indivíduos após todo esse exame, toda essa provação, finalmente tornaram-se pessoas, laureando o início de uma existência de dúvida, permeada de incertezas, de mistérios e, que agora lapidados, atingem o patamar vital: portadores de responsabilidades e de tarefas no meio social no qual estão inseridos, ou seja, são portadores de subjetividades que fabricam os mais variados “Eus”.

O Eu que assume a regência do mal; o Eu que conduz a batuta do bem; um dualismo insano, que amamenta esse maniqueísmo herege, que praticamente governa todas as legiões e tribos que outrora eram indivíduos e agora são pessoas.

O Eu assassino; o Eu humano; o Eu complacente; o Eu odioso; o Eu amoroso; o Eu viciado; o Eu trapaceiro; o Eu tedioso; o Eu depressivo; o Eu otimista; o Eu dominador; o Eu subserviente; o Eu profano; o Eu resiliente; o Eu repleto de amor e compaixão.

Assim, esta fantástica fábrica de Eus, está franqueada por todos nós, ocupantes desta vastidão chamada mundo, fantástica, porque explica verdadeiramente a definição de amor, de respeito, de coisas boas; assim, como num passe de mágica é também capaz de protagonizar as situações mais horrendas e inexplicáveis da humanidade.

Resta, portanto, aos portadores dos Eus rogarem ao Criador por clemência, por compaixão, por misericórdia, atributos estes, conhecidos em todos os rincões desta aldeia global como estado de espírito superior, sublime, ou simplesmente, PAZ!



PS: OS VERSOS INSERIDOS NO CONTO SÃO CHAMADOS DE HAICAI, O FORMATO É DE ORIGEM JAPONESA E ESTES ESPECIFICAMENTE SÃO CONSIDERADOS “GUILHERMINOS”, POSSUEM 17 SÍLABAS MÉTRICAS, OU SEJA (5 – 7 - 5) RIMANDO O 1º E 3º VERSOS, POSSUINDO AINDA UMA RIMA INTERNA NO SEGUNDO VERSO, ONDE A SEGUNDA SÍLABA MÉTRICA RIMA COM A ÚLTIMA SÍLABA MÉTRICA.
 
Autor
CHAGASFERREIRA
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/07/2019 20:34  Atualizado: 07/07/2019 20:34
 Re: Uma fabulosa fábrica de "Eus"
mais um texto filosófico para crianças. ninguém precisa de paz nem de guerra e muito menos de pedir clemencia. talvez alguns escritores e assassinos precisem disso mas depois do mal feito o mais que conseguirão é iludirem-se visto que as vitimas estão consumadas. precisamos mesmo é de deixar de ser bichos ou peluches em prol da sobrevivência e para isso o caminho terá de ser outro. depois dos relógios e após a consciencialização atrevo-me a pensar que viveremos de bem connosco.