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Meu pé de bananeira

 
Meu pé de bananeira
 
Morava em Minas, Belo Horizonte no bairro da Barroca. Aluguei com uma amiga uma casinha bem pequena e simples, cuja dona era filha de ex escravos do Brasil, e tinha muitas coisas a me ensinar, como suas histórias e como fazer sabão e detergente. Porém, no quintal, tinha um pé de bananeira e ali perto, eu coloquei uma rede para estudar e refletir. Eu era nova, estudava psicologia e fazia teatro. Um dia, recebi amigos para uma festinha. Comentários a parte, a minha casa era bem simples e meu quarto bem colorido com almofadas amarelas e abóboras com uma janela azul que eu poderia pular e chegar logo até o portão. O local na época era bem tranquilo. Eu urbana, era a primeira vez na vida que morava numa casinha, e às vezes também sentia medo dos barulhos do telhado, e descobrimos mais tarde, que eram filhotes de morcego, mas essa história vamos contar outro dia… A festa estava bem animada, meus amigos resistiram muito em ir na minha casa, coisa de mineiro, que são super desconfiados. Elas no fundo, se perguntavam: — Como uma pessoa tão nova, sai do Rio de Janeiro e mora sem os pais! Ninguém entendia direito isso! Porém, eu trabalhava, administrava aulas para crianças numa pré-escola, num projeto pioneiro no País, em 1983, nas salas de aulas, recebíamos crianças com síndrome de Down. Na faculdade também estagiava e fazia minhas próprias compras. O caso é que minha amiga levou seu amigo suíço que eu já havia conhecido anteriormente. Ele visitava a Cidade, porém, me olhava…olhava a casa…e eu nada falava em inglês, só na mímica, sei lá se me entendia também, sei que gostou do pé de bananeira e da minha rede, e enquanto a festa rolava, ele ficava ali fora isolado, por vezes eu ia lá ver como ele estava… e ele foi ficando, ficando…até a festa acabar. Eu um pouco chateada, porque meu namorado na época era músico e artista, e não aparecia, não chegava nunca! Bem, quando ele chegou, já, mas experiente que eu, só tinha eu e o suíço na casa, que já tinha tirado os sapatos, e meu namorado, me chamou na cozinha e disse: — Gisele, não vê que ele está interessado em você! Ele até tirou os sapatos! Está todo a vontade! Eu na minha leveza e simplicidade, após também bebermos várias cervejas, mas foi um almoço, cada uma levou um prato, então de porre eu nem estava! Bem, meu namorado é que chegou deveras tarde, e nem conheceu minhas amigas..., mas eu queria namorar, na verdade, eu estava um pouco chateada com ele também, ao mesmo tempo, incomodada com o novo amigo suíço, já que todos os convidados tinham ido embora, por que ele não foi! Eu sou tão educada! Como vou mandar ele embora? E ficamos um tempo, nós três sentado na sala, e meu namorado começou a tomar uma atitude de namorado, até que o novo amigo suíço, resolveu ir embora, e realmente com uma cara de quem não queria mais sair dali… E foi aí que eu disse concluindo ao meu namorado:
—Ele estava era apaixonado pelo pé de bananeira!



Diana Balis

 
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DianaBalis
 
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