Poemas : 

O Ser do Poema

 
Dentro do pensamento a paisagem noturna se desdobra
E se incorpora no ar, resguardada em ritmos e segredos
Por detrás do poema existe um poder, um ser, o seu eu
A obra objetivada em pele e carne, que sente calor e frio
Tudo brota de um mesmo fermento ou um mesmo invento
Palavras nas quais tropecei, a derrubá-las sobre o papel
Palavras caídas do linguajar que encubro dentro de mim
Assim como as primeiras chuvas, fruto dessa indiferença
Redijo o impossível, escrevo da memória o esquecimento
Escrita continuada subconsciente - volume, corpo e livro
Sem que se tenha o ontem, não há morte e nem há vida
Apenas não sei da essência de que é feita toda a solidão
Na sombra luminosa do silêncio que se revela movimento
Forma nua projetada em seu espelho tornando-se visível
Face ao desejo interior do poeta que é o que a tudo move
E por ele, também, são devorados qual a sombra e o fogo
A alegria do pássaro contaminou o jardim com veemência
Com seu canto áspero que percorre a geometria do verso



"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
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