Prosas Poéticas : 

NA PALMA DE MINHA MÃO

 


"Incomoda-me o fato de estar a conversar com alguém que jamais irei ver; alguém que deve ser como um sonho que acaba ao amanhecer do dia, incomoda-me o quanto ponho de mim no que lhe escrevo..."
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Você existia pra mim como
mágica,
um ser além da humana forma,
mão forte
sorriso suave
aconchego
ternura de menino...
e a vida podia terminar
num momento,
se nele estivesse
em teus braços...
...é esse o sentido do amor?

Mas a vida é mudança,
somos outros agora.
Ah aquela história...
as mesmas margens...
Somos o mesmo rio, mas outras águas.
Águas envolventes, cariciosas,
águas mansas fazendo meu corpo deslizar
sob um céu serenado,
águas de vida renovada a todo instante,
o mesmo pássaro em outra plumagem,
a mesma mão em outra personalidade,
os meus pés com novas marcas,
e muito caminho aberto à frente...

queria fugir a esta sina
de encantamento de Medusa.
nós dois cristalizados no Tempo,
vivendo pra sempre presos
a um infinito Nada.

e enfim tudo passa,
"como passa a mão e o rio
que lavaram teus cabelos"
mas antes disso queria teu beijo...
...queria um olhar teu, um só,
queria o teu cheiro no meu,
a minha casa na tua,
o meu barco no teu porto,
nossas solidões transfiguradas
e num único e supremo movimento
a eternidade de um instante
na palma de minha mão...
 
Autor
tania orsi vargas
 
Texto
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