Tristeza #.#.#

Tristeza


Ando muito triste, insuportavelmente triste,
De tal modo que não sei mais a diferença
Entre um riso e uma carranca
E, tudo faz-me doer o peito, a alma.

Triste, triste, imensamente triste,
Embora tenha prendido que a vida
Nunca foi ou será fácil e que é luta renhida, sempre,
E que a morte ronda a todos, e,
Todos irão dormir, finalmente, nos seus braços.

Sei o que muitos irão pensar e até dizer
Mas que aqui não vou repetir esse cansaço,
Porque também fico triste, mais triste,
Com essas palavras tolas de consolo.

Porque a mim parece a alegria dos repolhos,
Da falta de consciência de mundo, esses analfabetos.
Ah... esse mundo de enganos e fantasias,
Que só convence os nivelados à superfície.

Triste, essa tristeza de ver os bobos da corte,
Com suas pinturas faciais derretidas e tristes,
Sujas, de uma sujidade enfadonha
E que me lembra tão somente a tristeza funda.

Tristeza e enfado, tristeza e enfado,
Uma imensa e triste tristeza,
Circundando para onde vá este meu olhar.



Milton Filho...