Poemas : 

Lembrar-me da chuva não chega

 

A chuva nasce na pele da terra
Que nasceu no umbigo do universo
Que nasce na menina dos meus olhos
E de repente isto é tudo o que me lembro.

Já andei à chuva muitas vezes e molhei-me sempre
E molhar-me sempre que chove é o propósito de andar à chuva
É uma forma de comunicar e sentir
É como ouvir com atenção a história de alguém que já viveu muito.
Molhar-me é uma conversa intima entre a chuva e a minha pele
E aquilo que a chuva conta deve ser bom de aprender
Pois a sensação não incomoda, nem é de frio
Mas antes de calor e conforto de um abraço maternal

E de repente, dá-me saudades da minha mãe
E lembrar-me da chuva não chega
Ouvi-la bater contra o vidro é pouco
Vê-la cair é querer mais
E tenho de sair para a rua para senti-la na pele

Para se conhecer o mundo
É preciso misturar os sentidos com a realidade
E sentir a existência e o sentido de tudo
E fazê-lo é uma forma de amar a natureza.





Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.

 
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silva.d.c
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