Poemas : 

Encontro

 
Quando estive só, a ouvir o distante som de flauta
Era a doce fumaça de meu cachimbo, a companhia
Enquanto os dias, um após o outro, se arrastavam
Ao olhar preguiçoso dos ponteiros do meu relógio
Mas existiu um minuto, entre tantos, bem à janela
Que um efêmero perfume de jasmim invadiu a sala
Fez meus lábios desejarem cantar uma música leve
Como o som que só as primaveras poderiam trazer
Vejo de passagem na calçada, fugaz como miragem
Uma brilhante silhueta, a trazer nos olhos um céu
Na boca o carmim das amoras com frescor de mel
Os cabelos a ondular como o vento ondula a relva
Nasceu-me, de imediato, o desejo de abrir as asas
Para voar reinventado em direção daquelas ancas
Pois, eu sabia que ali nascia uma paixão profunda
Que a tudo que não fosse para amar, emudeceria
E ela me olhou nos olhos, para pôr fim à distância
Meu coração se fez de alegria, um bosque em flor
Liberto de longas e rotas noites cheias de solidão
Então chegara ao fim um atroz tempo de esperas
Para de novo mergulhar no doce perigo que é amar


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/08/2021 18:45  Atualizado: 24/08/2021 18:45
 Re: Encontro
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E que assim seja, sempre com novas primaveras.