Poemas : 

Cena dois: Arrependimento

 
Por todos os abismos que naveguei, os leitos que me deitei
Tragado muitas vezes pelas magras mãos de outros tempos
Por esses enigmas submersos nos porões de dias sem brilho
Ora emerge em meu corpo outro homem, resultado da luta
Por reescrever aquele navegante errante na fúria do vento
Bêbado da fonte do sucesso e do amargo da perda infinita

Haviam muitas pedras a contornar pela superfície a seguir
E a névoa com suas garras camufladas, teceu o fio da teia
Por onde andei no grunado dos passos, sem olhar para trás
Agora descansa em mim, restaurado dos líquidos segredos
Aquele que sempre pensei que devia ser, mas não consegui
Antes de compreender que sou igual ao quanto posso doar

Na minha busca insana e impensada, sei que feri corações
Que a minha solidão interior, teceu solidões ao meu redor
Nem percebera quanto emaranhei as rendas da existência
Mas um dia, reconsiderei as sombras do que me emudeceu
Foi assim que descobri no amor ninguém substitui ninguém
Cada pessoa é única com todos seus erros e todos acertos

Na minha cegueira voluntária, só encontrei o quanto quis
Nos erros eu aprendi, mais que tudo é preciso recomeçar



"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
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