Queimei os mapas,
mas decorei os rios.
Sei onde a pedra afunda
sem deixar redemoinho.
Deixei as cartas na mesa,
como quem esquece a bússola
do verso, guardiã do caminho.
Há uma arte que habita
naquilo que não nos deram.
Um jeito de dizer “sim”
e seguir com a alma acesa.
No instante que escorre,
quando o destino hesita,
Sou o lugar onde o mundo
se desvia de si mesmo,
e encontra o corpo que me sonha
com olhos de dentro.
Ninguém me prevê,
às vezes, nem eu.
Ainda assim,
não meço dores,
não peço afetos.
Invento o verbo
do meu rastro.
No silêncio que conheço
das margens,
Crio universos.
Não passo,
Permaneço.