De mãos estendidas nos becos da vida, Uma criança carrega o peso do mundo, E na leveza da sua inocência, O custo da indiferença dos homens
Palmilha beco a beco Em busca das migalhas perdidas Pra matar o bicho que corrói sua barriguinha E adia sorrisos em seus lábios inocentes
Sem teto nem mão amiga, Faz da grandeza do mundo, seu cubico, E do brilho das estrelas, o agasalho Que mami-morta não podia dar-lhe
De calções puídos e olhar fito no vazio, Deambula pelas ruas sem vida À procura dum sorriso ou ínfima migalha Pra enganar fome e dormir como outras crianças
Dar um pouco de amor A essa alma entregue ao revês da vida, Não doe nem custa olhos do céu, Abra seu coração e salve uma vida
E não se esqueça, Não se esqueça que o amor Abre todas as portas Que o revés da vida encerrou
Onde, mas onde está o coração dos homens?! Ruas apinhadas de crianças de rua ausentados dos afectos do lar, dormem ao relento n'olho da rua sob incrédulo olhar da indiferença