Poemas : 

TATÚTA

 
Algumas coisas vão embora bem devagarinho: feito o doce do chiclete
Outras vão no susto
Num rompante nervoso do tempo
No virar de uma carta
No rasgar do papel
Um espirro e você não está mais lá
Ainda pequena chorava e minha mãe me dizia que tinha um céu só para os cachorrinhos
E eu chorava mais
Eu coleciono mortos
Muitos mortos
Não me doem
Trago todos adormecidos
Não me doam
Sinto muito por tudo que calei
Por tudo que senti
Por tudo ser vão
Por não restar nada de quem tanto se amou
Fora as lembranças
Malditas lembranças
E a culpa de não ter feito diferente
Ou de poder ter feito tudo diferente
Mas sempre abraçar o inexorável

Ana Flávia Heide
Em 18/02/2022


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AnaFláviaHeide
 
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