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Confissões de um velho - II

 
Quero minha visão boa de volta para que eu possa a voltar a sonhar e fazer aquilo que mais gosto que é ler é escrever. O tempo e o universo conspiram contra mim – a primeira cirurgia do meu olho esquerdo somente em fevereiro do ano que vem, até lá cego e andando de bengala, correndo o risco de ser atropelado. E para complicar, um padre na homilia de domingo de manhã na Igreja do Desterro, insinuou que a missa não era para ser assistida de bermuda – e por incrível que pareça ou muita coincidência o único de bermuda era eu. Me segurei e fiquei até o fim. Esses padre moralistas são os mesmo que saem do armário e soltam a franga nos inferninhos da vida e molestam os seminaristas.
As coisas não vão muito bem para o poeta:
- A porta do banheiro esbandalhada, o ladrilho dele quebrando e a agora o balde grande da cozinha rachou. O que é isso, meu senhor? – lamentava iradamente a Sra. Vince, para evitar mas Sr. Com foi forçado a esvazia-lo, baldeando a agua para a cisterna que também vaza. Eta ferro! Todas as contas que criei no Facebook foram bloqueadas e agora estou num mato sem cachorro – onde postar os meus textos? Então entro num a deprê dos diabos. O assento improvisado da cadeira é um tampo de compensado sobre os macarrões estropiados, que doía a sua traseira magra. O sol forte do meio da tarde inundava todo o quintal da pensão ofuscando cegamente o olho mais ou menos sadio que teimava em ler aos trancos e barrancos “Quem tem medo do escuro?” do seu mestre Sidney Sheldon – quando o viu ontem no balcão da Biblioteca Publica Benedito Leite, não teve duvida, depois de devolver os outros dois o arrebatou para seu bel-prazer. E assim vou levando e escrevendo até os dias do Senhor.

 
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obstinado
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