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Confissões de um velho fuleiro - II

 
Enverguei a farda para falar com os brancos, bebi café com pão, genuflexei-me e rezei um pai nosso e sai para encontrar com a assistente social da Promotoria dos Idosos.
Embarguei no terceiro Vila Embratel e desci no Terminal da Praia Grande – apanhei um Paraiso-Renascença e dei um balão – ainda estava cedo, desci novamente no terminal e peguei outro da mesma linha e saltei quase em frente ao edifício, na avenida Carlos Cunha, Jaracati – atravessei cautelosamente a faixa de pedestre. Adentrei no saguão, aboletei-me num sofá e fiquei olhando as belas funcionarias entrarem e baterem ponto e desaparecerem da minha vista. Aproveitei para resolver um sudoku e ler o meu Sheldon. Duas horas depois, o traseiro magro já fazia calo quando adentrei no escritório da dita cuja para ouvir o que eu não queria – O meu caso, ou melhor a demanda é sem fundamento jurídico – o melhor é ir cantar em outra freguesia ou seja procurar a Defensoria Publica ou marcar outra consulta numa clinica qualquer – é mole ou que mais? O certo mesmo é comprar uma bengala e aprender braile com o genro da senhora Vince e aguardar fevereiro – falta só quatro meses. E papo encerrado até um plano B surgir. Mas o bom dessa manhã, foi que recebi o meu novo cartão do idoso, depois de um passeio longo pela Avenida dos holandeses e terminou no Terminal da Cohama – pura poesia, pena que a vista não colaborou, mas deu para o gasto. Amanhã prometo me apresentar melhor e assim vamos levando....






 
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obstinado
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