Sonetos : 

BONANÇA

 
Tags:  SONETOS 2024  
 
BONANÇA

Mil sóis brilham depois da tempestade
Em largas poças d’água a encher a rua.
Espelha-se dourada a aurora nua
N’um quadro de ideal tranquilidade.

Como se virginal, toda a cidade
Por entre brumas brancas se insinua.
Amanhece em silêncio e continua
Tudo imerso em intensa claridade.

O aguaceiro que caiu a noite toda
‘Inda escorre nas pedras do caminho
Onde chapinha alegre um passarinho.

Nada aqui me aborrece ou me incomoda.
Outra manhã lavada e reluzente
Fazendo a terra nova novamente

Belo Horizonte - 19 01 2024



Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
ZeSilveiraDoBrasil
Publicado: 01/02/2024 01:42  Atualizado: 01/02/2024 01:44
Administrador
Usuário desde: 22/11/2018
Localidade: RIO - Brasil
Mensagens: 1917
 Re: BONANÇA
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Posso até cair num ledo engano, mas, me parece que o tema emergiu a partir da observação presencial ao clima que se abateu bem próximo ao poeta.
E, entre um respingo e outro , o amigo conseguiu mais uma vez um soneto muito bem caracterizado.

Um abraço caRIOca!


Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 01/02/2024 20:02  Atualizado: 01/02/2024 20:06
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16075
 Re: BONANÇA
Sendo morador da Grande Belo Horizonte, entendo bem o tema proposto neste início de ano. Entretanto, o que me encanta e agrada é a perfeição estrutural do soneto. Versos decassílabos heróicos de difíceis construções, por causa das elisões, como este:

"Em largas poças d’água a encher a rua."

Em/ lar/gas/po/ças/d'á/guaaen/cher/a/rua..."

Ou este outro:

"N’um quadro de ideal tranquilidade."

Num/qua/dro/dei/de/al/tran/qui/li/da/

Versos que por si só nos mostram o esmero e zelo que o poeta tem pela arte que pratica e que propõe.

A sonoridade produzidas pelas aliterações das sílabas dro/dei/de/ são fascinantes. O "al" na sexta sílaba poética caiu como as gotas de chuva sobre o solo mineiro.

Gostei de tudo, Ricardo. Principalmente da leveza e ternura decantadas com maestria e mansidão. Obrigado por partilhar conosco este Belo Horizonte poético. Um forte abraço e tudo de bom!