Poemas : 

Um amor caído do céu

 
 
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Vou contar a história de um amor improvável.
Ele era um borracho, aprendendo os primeiros passos, despenando as rotas, seguindo o assobio do vento ao lado dos seus irmãos.
Um dia, nessa jornada, ele se perdeu na neblina e pousou numa ravina à beira do mar, exausto, ferido, adormeceu encolhido pelas frias brisas...

Uma gaivota de perna arregaçada se aproximou...
Foi amor à primeira vista...
A gaivota cuidou do futuro pombo, levou-o para o seu ninho, deu-lhe no bico o seu peixe favorito...
O borracho recuperou as forças e a esperança de baloiçar novamente suas asas.

Os dois compartilharam os afazeres das penas.
Ensaiaram… no almofadado chão das nuvens os levantes e os pousares.
Ergueram juntos, um novo cantar.

Um dia, o borracho se tornou pombo.
Um dia olhou para o céu e viu um bando e voou em sua direção...
Nesse dia, a gaivota perdeu a vista e o seu coração.
O seu amor nunca mais voltou...
Seu peito tornou-se uma caixa vazia sem o seu pombo-correio.

Agora, todas as manhãs, aquela gaivota espera o retorno da sua alma, no mesmo lugar da largada …”enrochada” de mágoa …
Ela esgota os possíveis olhares, olhando à sua volta em busca de um possível regresso do seu amado.


”enrochada” - Palavra inventada, para descrever a saudade fóssil de uma ave.





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“Acredito que o céu pode ser realidade, mas levarei flores para o pai - Erotides ”

 
Autor
agniceu
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