DESENCONTRADOS

O primeiro livro de Vinícius de Morais "Caminho para a Distância", reúne poemas onde a fuga me parece algo recorrente. A fuga, não como covardia face à luta, sim como reconhecimento da inutilidade da própria luta.

Estar desencontrado de outro (ou de si mesmo) é divergir; é andar na direcção oposta ao outro, afastando-se cada vez mais d'ele. Ressalto, é mais do que o mero desencontro de tempo ou de lugar entre duas ou mais pessoas. A ver, estar desencontrado de alguém é afastar-se d'ele enquanto se caminha para a distância. É essa distância física — e, sobretudo, psicológica — que o soneto tenta expressar.

Alegra-me saber que esses arrazoados fizeram sentido para ti, caríssima HC. O futuro, este que começa hoje, traga-nos encontros e desencontros na exacta medida de nossas sensibilidades.

Por fim, oxalá teu bailado te enterneça em versos e que tua verve nos traga palavras sábias para a vida que continua.

Abraços, RicardoC.

Creio que idiotas já fomos todos, caríssima GabrielaMaria, em relações pessoais. Há algo no coração humano que nos faz desejar a atenção e admiração do outro que, inobstante, permanece inconstante e ardiloso até. Diziam os antigos por aqui: "Coração do outro é terra que ninguém vai". Portanto, decepcionar-se é tão certo quanto tornar a esperança-se das qualidades de quem desejamos ao nosso lado.

Estar desencontrado, todavia, é seguir na direcção oposta do outro. É abraçar a solidão e mesmo a saudade sem receio do vazio, mas antes aceitar-se idiota porque demasiado bom n'um mundo de maus e maldosos. Não digo bom para jactar-me (ou para jactar-te), sim porque todo idiota (onde também me incluo) o fora por ser bom com quem não merece. Deixar de ser idiota, em larga medida, significa deixar de ser bom, ao menos com quem nos ilude.

Hoje em dia, duvido muito de mim mesmo. Não creio que seja capaz de amar sem ser um tanto idiota. Talvez por isso prefira não amar, romanticamente, quem quer que seja. Convenci-me que sou d'essas pessoas com predisposição para certos vícios que, pela fraqueza excessiva, deve evitar mesmo a mínima dose. Tenho deixado para os outros essa alegria e tristeza de amar sem medida.

No mais, um cadinho menos idiota que outrora, caminho para a distância.

Abraços, RicardoC.

A mim também, caríssima Vania Lopez, ouvir e ler Vinícius tem me impressionado.

Ele, ao poetar sobre o encontros e desencontros da vida, me faz perceber a a beleza de nossa humanidade.

Grande abraço, RicardoC.