A minha aldeia não é a minha aldeia.
Levada pela maré da lua cheia, ela me odeia.
Na minha aldeia a teia está se quebrando.
As partes estão voando.
Os fios não estão aguentando
A convulsão que o tornado vai causando.
A minha aldeia está de cara feia.
E eu não vejo luz nem de uma candeia.
A frágil alma da aldeia se derrete igual sorvete
E o cacique não tem cacife pra cacique – cacete!
O caro pajé, vendo o que quer,
Vende caro o combo da fé.
Fiéis ao papel, os figurantes
Não figuram em nenhuma figura.
Que loucura, a essa altura,
Os flagras ainda não são flagrantes.