Estava distraído perdido numa canção
Talvez tenha deixado a porta destrancada
Poderia culpar a garrafa de whiskey na minha mão
Mais fácil que admitir minhas ideias desajustadas
Foi assim que alguns sonhos se tornaram fugitivos
Aqueles que a gente se obriga a colocar em xeque mate
Tão perigosos que parecem lembranças de tempos idos
Quando soltos criam no azul do céu flamas escarlates
E por instantes pequenos trechos de desejos dão vida
A uma combustão que faz seu corpo inteiro cintilar
Mas a fantasia é efêmera e as chamas regressam feridas
Obedientes à certeza de que não viverão em outro lugar
Não carregam tristeza quem sabe alguma dor pode ser
Os sonhos fugitivos aprenderam a sair do mar e respirar
Se prevalecem do whiskey e da canção só para poder
Viver por algumas poucas doses a doce ilusão de sonhar
Deus abençoe o que se guarda nas masmorras
Carlos Correa