Quando eu era criança,
Enquanto os caminhos me puxavam pelas mãos,
Eu ouvia o meu coração,
Que dizia que na vida adulta eu escolheria os meus caminhos.
Aos dezoito eu teria a minha emancipação
E teria o meu mundo em minhas mãos,
Seria dono do meu nariz.
Traçaria o meu caminho.
Eu achava que os adultos precisavam aprender com as crianças.
Talvez precisem um pouquinho.
Eu tinha a solução pra tudo.
Tinha solução pra tudo,
Porque não tinha nada pra solucionar.
Eu pensava que os meus caminhos estavam em minhas mãos.
Eu pensava que ia escolher como e por onde andar.
Como se não existissem as placas para me condicionar:
Aqui é mão, aqui é contramão.
Entre por aqui, por ali não pode não.
Não pare aqui, não estacione ali,
Não ultrapasse tal velocidade.
Atenção: curva perigosa, estreitamento de via,
Cruzamento, passagem de ferrovia...
As placas estão fora e dentro de mim
E não permitem que eu tenha o meu mundo em minhas mãos.
Não sei o peso das placas que indicam a direção.
Mas quem me diz que o resultado da minha caminhada
Depende apenas das forças das minhas pernas
Ignora ou esconde as condições do caminho.