há lá uma luz sem razão aparente
como se a cripta fosse de entrar sol
a sobressair gravuras
hieróglifos impertinentes
a roçar o olhar sem qualquer dó
por-lhe os dedos a provar a textura
é assumir a estranheza do tacto
como paredes iluminadas da alma
daquelas de folhear e voltar atrás
repetir até compreender
mas sempre incompreensíveis
só afloram, conscientes
algumas palavras permitidas
apenas as que já sentiram
o toque emancipado da vida
sempre de ontem
mas o instante
o sentir de agora
também reclama o amanhã
sem qualquer motivo
e não ver o antes, nem o depois
torna o presente insaciável
e só o futuro o pode rasurar
01-07-2025