Hoje acordei e o mundo parecia menor,
As cores mais pálidas,
Os sons distantes,
Como se tudo tivesse sido engolido
Por um nevoeiro que só eu posso ver.
Sem o teu sorriso,
Os dias são longos corredores vazios,
E cada porta que abro só me leva a mais silêncio.
Não há mapas que me guiem,
Nem palavras que me bastem.
Tento me ocupar com coisas inúteis,
Arrumar gavetas, lavar a louça,
Fingir que sigo em frente,
Mas a verdade é que estou sempre voltando…
Voltando ao instante exato
Em que te vi sorrir pela última vez.
E agora?
O que faço com todas as frases que só faziam sentido
Quando havia o eco da tua alegria?
O que faço com as tardes que passam devagar,
Como se o tempo também sentisse a tua falta?
Sem o teu sorriso,
Sou só um nome esquecido numa folha em branco,
Uma página que o vento insiste em virar
Antes que eu consiga escrever qualquer coisa.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense