Onde reside o eco do primeiro instante?
Que força nos lança neste turbilhão?
Somos fragmentos de um plano distante?
Ou simples acaso, efêmera canção?
O tempo escorre, areia entre os dedos,
E a cada segundo, um novo mistério se ergue.
Qual o propósito oculto nos segredos?
Que fio invisível a tudo converge?
Buscamos respostas em céus estrelados,
Em livros antigos, em sábias palavras.
Mas o véu persiste, em nós intrincados,
As grandes perguntas, em silêncio bravas.
O amor que nos une, a dor que nos fere,
A alegria fugaz, a sombra que assola.
Sentimentos vastos, que a razão não interfere,
Incógnitas da alma, em eterna escola.
Para onde seguimos, finda a jornada?
Que luz nos espera, além do horizonte?
A certeza se esvai, a mente perturbada,
Diante do enigma, que a vida nos fronte.
Mas talvez a beleza resida em não saber,
Na busca constante, no eterno aprender.
Em cada pergunta, um novo florescer,
Nas incógnitas da existência, o nosso viver.
Pois se tudo soubéssemos, que graça haveria?
Em desvendar o enigma, a cada novo dia.
E na humildade da nossa finitude,
Abraçar o mistério, com infinita atitude.
(Gracita Fraga)