Há um lume brando que acende
quando duas almas se reconhecem
no silêncio partilhado entre palavras
Não é preciso pressa
nem promessa
basta o instante onde o olhar pousa
e o tempo, gentil, se dobra
Conversas fluem como rios antigos
desviando pedras
acariciando margens
Há café ainda quente
e risos que lembram
a infância do mundo
No espaço entre um gesto e outro
brota o milagre
um afeto sem nome exato
mas inteiro
E quando a noite chega
ninguém vai embora de mãos vazias
leva-se um fragmento de luz
uma ternura guardada
como se amizade
fosse uma forma discreta
de amar.
Mário Margaride
Adoro a poesia. E tal como um pássaro, voo nas asas das palavras, no patamar do meu sentir, e das minhas emoções.