que chão desvenda os fascínios antigos?
por onde caminham os passos do sonho
quando a noite escorre pelas veias
e a palavra treme
na ponta dos dedos?
sou silêncio em sódio puro
extensão de falésias interiores
onde a dor se acomoda
lava quente
no ventre da memória.
sem rendas
sem refúgio
rendo-me à lucidez crua
à boca do caos
que me acende em nome que não tem rosto.
onde habitas
amor sem fonema?
sequestro de sílabas
nas margens do sono onde morremos
reféns da pálpebra
do relâmpago
do erro.
sou um corpo estendido na geografia do sentir
mãos abertas ao verbo crescente
dos poemas que nunca se calam.
aceito as preposições como antídoto.
o veneno já não é meu.