Poemas : 

Perpendicular

 
Andava na linha
equilibrista
artista de circo, palhaço rico
mãos ao ar
à altura do peito, muito direito
na perpendicular.

Nos carris era feliz
como carrugem ou locomotiva viva,
um comboio em viagem,
pouca terra
muito ar
andava na linha, devagar.

Pé ante pé, ia sozinha
curva e contracurva
tinha,
a correr sem sair do lugar,
passo a passo
o seu pedaço de conquistar.

Dona era do próprio nariz,
trazia um mapa em branco
que ia a desenhar,
belo
nada era paralelo
só perpendicular.

Ali,
naquele ponto concreto em que se cruzam
os ângulos são retos.
não se sabe se é o fim, ou se vão a meio
ou onde vão ambos parar,
na perpendicular.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
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Enviado por Tópico
AlexandreCosta
Publicado: 01/09/2025 22:29  Atualizado: 01/09/2025 22:29
Administrador
Usuário desde: 06/05/2024
Localidade: Braga
Mensagens: 1297
 Re: Perpendicular
Serviço a despachar
nas ruas...

perpendicular

Posso ter ido longe demais, mas numa leitura mais atenta só me ocorre a prostituição de rua
A maneira como encaminhas o poema é excelente
o final parece-me de quem passa e vê a cena...

um abraço

Enviado por Tópico
Beatrix
Publicado: 02/09/2025 06:46  Atualizado: 02/09/2025 06:46
Colaborador
Usuário desde: 23/05/2024
Localidade:
Mensagens: 801
 Re: Perpendicular /Rogério Beça
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Olá, Rogério.

Arriscava dizer que não é suposto dizeres nada. Pensaste e escreveste. Às vezes, acontece-me.
Poderia ser também que a, ou as, personagem, ou personagens, deste texto sou eu, ou tu, ou nós, qualquer pessoa que viva a vida do quotidiano. Pois assim me parecem as descrições que fazes: a vida.


Ab
Beatrix