O passado é uma sombra obediente:
Segue, mas não guia.
Tropeçar nele é insistir em olhar para trás
Quando o horizonte ainda te chama pelo nome.
Há quem viva varrendo cinzas
E esquece que o fogo não mora mais ali.
O que passou não é chão,
É poeira do caminho.
Não tropece no que já se despediu.
As pedras antigas não têm culpa
Se teus olhos ainda caminham para trás.
O tempo não volta — mas te observa,
Silencioso, esperando o instante
Em que aprenderás a andar leve
Sem arrastar fantasmas pelos tornozelos.
Deixa o ontem repousar.
Quem pisa em memórias endurecidas
Acaba ferindo os próprios passos.
O que ficou para trás é lição, não morada.
Tropeçar no passado
É esquecer que os caminhos novos
Pedem pés livres.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense