Sonetos : 

Sou esta mão pungente

 
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ninguém me fala dentro, senão tu
que ousas ser alguém, quando não és
mas falas tanto, como ser marés
a despir-me de areias, alma a nú

há vezes que me visto de Noés
faço arcas de papel feito de itu
que as tuas vozes de anjo ou belzebu
atiram-me dilúvios ao convés

talvez quisesse apenas ver-te lago
com ondas, só do vento, como afago
a um barco de papel que a mão segura

mas quiseste existir-me em forma abrupta
e eu sem a coragem que amputa
sou esta mão pungente que te atura


14-10-2025


 
Autor
AlexandreCosta
 
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