Eu nunca quis ser professor.
O destino me empurrou para a lousa,
E nela, tracei não apenas letras,
Mas as linhas de mim mesmo.
Ensinar é carregar um espelho trincado:
Nele vejo as dúvidas, o cansaço, o desânimo,
Mas também o brilho dos olhos que compreendem,
A centelha que se acende onde antes era escuridão.
Há dias em que o silêncio da sala pesa,
Em que as palavras parecem pó,
Em que a esperança se deita cansada
Nos cadernos amassados.
Mas há outros em que tudo floresce:
Um sorriso tímido, uma resposta inesperada,
Um olhar que me diz:
¬- “agora eu entendi”.
Eu nunca quis ser professor,
Mas encontrei nesse ofício o meu espelho secreto:
Ensinar é aprender o outro,
E aprender o outro é descobrir-se humano.
Sou realizado
Não por ter escolhido este caminho,
Mas por ele ter me escolhido.
E, entre angústias e alegrias,
Continuo a escrever,
Não no quadro,
Mas nas almas que passam por mim.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense