Alguma vez te menti Alguma vez te ocultei omiti escondi informação ou permiti que ficasses na ignorância Porque fizeste isso comigo Não me mentiste mas deixaste-me ignorante inocente crente numa falsidade Doente na verdade
Como posso eu agora recuperar viver crer Saber o quê De quem Não interessa maldade Só o sol me toca o rosto Só o sol me beija os lábios Sozinha no jardim penso no passado Quem eras quem foste
O que fizeste Quem fui Quem sou O que faço
Com uma manta nas pernas paradas dobradas Seguro um livro que passeio e leio Me faz companhia Nas pernas ou nas mãos Me alivia do som das lanternas nos vãos
Desapareceste E contigo levaste meu ontem Deixaste-me o presente doente Um futuro sem amanhãs, sem voz ou luz mas esperando-me Jesus na cruz
Para como ele fazer o caminho do calvário Para como ele expiar a vida até àquele santuário
Não farei nenhum caminho Não pequei nem pecadora sei se sou Não sei porque ainda aqui estou Sozinha no meio de um destino Não sei se meu ou do sino Que toca na igreja agora Enquanto o povo corre rua fora Com o livro e o terço na mão O futuro como canção O sol no bolso E o lenço para tapar o pescoço
Quem sou eu afinal A quem o povo faz sinal Ajoelha e benze com a água da fonte Reza e pede olhando o horizonte Sacia a sede molhando a fronte
Cega coitada antes 'inda lia e rezava Agora sozinha à esmola abandonada Conto as moedas que caem pelo som Poucas parcas pequenas quase nada E agradeço a quem mas dá ou era zero Mereço parece esmero de ser lavada Molhada e estendida ao sol para secar Na urze deitada aguardo seco severo Como tempero de tinta de cola fixar Como molde para paciente ou pintar Sem pousio e sem depósito Sem oriente e sem propósito
I got that feeling That bad feeling that you don't know(Massive Attack)