Os restos mortais espalho pela vida, sem que eu veja cânone mensurável; por ser divergente, sou insaciável, tua medida irremediavelmente me priva.
Ela é lamento e premissa miserável, uma canção há muito tempo esquecida; e mesmo que seja dor amarga e amável, rezo a Deus que a mantenha sempre viva.
Sou um cego que somente anda de muletas, os olhos estão na maneira de andar; ao fechá-los, eu posso ver tuas caretas — entre a dor e o amor, vejo a vida voar.
Sou a essência que talvez te desagrade; não sou sombra, nem luz — apenas escuridão. Eu não acredito em mentira ou em verdade: sou pus — e na minha existência, maldição.
E o fluxo segue como um rio enlouquecido; sei que não há tempo para permanecer perdido. Por isso, busco no teu desespero a cura para as escuras chagas do meu coração.
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