Poemas : 

Espantando corvos

 
Acordo e espanto os corvos
Do meu canteiro de flores.
Antes eram poucos,
Mas agora vêm em bando
Todas as manhãs.
Depois, bebo o café
E recomeço.

O que é dos dias infantes?
O que é das brisas primeiras,
Do sol que ronronava manso?
O que é de mim mesmo?

Sinto falta das cores cores,
Dos olhos olhos,
Das mãos mãos.
Sinto falta das faltas breves
E dos abismos imberbes.
Mas deixo disso tudo
E sorrio pro espelho.

Orei cedo
E preparo agora o melhor que posso.
Liberto a noite
Que insistente dormirta ainda.

Saio.

Que passado é passado eu sei.
E é exatamente por isso
Que sigo espantando corvos.

fsalvo


Convido a visitar a minha antiga página (perfil FredericoSalvo):
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FSalvo
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