A liberdade
nasce em silêncio
num sopro tímido, quase arisco
como quem teme ser descoberta
pelos guardiões das masmorras
Abre trilhos em terreno incerto
ferindo os pés de quem ousa segui-la
e cada curva que circunda
ensina que avançar
é um verbo cheio de vertigens
Não há mapa para o que ela exige
há só restos de bússolas partidas
e o brilho breve de estrelas
que mudam de lugar
quando ousamos confiar demais
Sustentá-la é trabalho de artesão
uma costura feita à luz fraca
com linhas que se rompem
a cada instante
nesta caminhada difícil e frágil
Pois ser livre é segurar o vento
sem tentar prendê-lo
e mesmo assim não soltá-lo
quando sopra contra nós
E quem caminha por ela, descobre
que a liberdade não é a chegada
mas a constante reconstrução
da coragem de continuar.
Mário Margaride
15-11-2025
Adoro a poesia. E tal como um pássaro, voo nas asas das palavras, no patamar do meu sentir, e das minhas emoções.