3 BRINDES PARA CELEBRAR A MEMÓRIA DE LEMINSKI (*)

Carol,

Leminski foi uma figura genial. Sabia diversas línguas exóticas,para nós, inclusive grego, latim hebraico e japonês. Era um porra-louca adorável. Morreu de tanto beber. Gênio, a única palavra para defini-lo. Também fez letras de música.Fiz o poema em haicais porque ele era um profundo conhecedor desta forma de composição poética, além - pasme você - de professor de judô. Dê um mergulho no google, e você verá que não estou mentindo.E se encantará dele.

Desculpa Júlio, não conheço, mas
acredito em ti, és um grande
conhecedor, eu sei. O que disse não foi por mal,
foi com sentido,mas desculpa.

beijo

Nada disso, Carol:

Eu só pedi pra você dar uma olhada nos sites sobre o Leminski. Você vai morrer de rir: além de grande poeta que foi, durante um bom tempo, não tinha carteira (bilhete) de identidade e não gostava de tomar banho. Era um cara muito louco. Interessantíssimo. Disse para você olhar coisas dele, porque vai gostar. Só isso...

Afeto,

Júlio

Isso aí, meu caro Silveira,

Leminski foi um gênio. Pena que, por causa do álcool, pediu a conta mais cedo.

Beijão,

Júlio

Betha

Leminski foi um gênio. Pena que se deixou matar pelo álcool. Era o bandido que sabia latim, como diz seu biógrafo e amigo Toninho Vaz. Sabia latim, grego, hebraico, japonês e uma pá de outras línguas. Tenho-o até hoje como guru.E era bom pra caralho em haicais. E letras de música também. Sabe que, durante um bom tempo, ele não tinha nem carteira de identidade, de tão louco?

júlio

Sei!
E também que revolucionou o haikai por aqui.
Não obedecia a métrica 5-7-5!
E criativo como poucos!

Bem, sabemos que vamos abrir aqui mais uma polêmica daquelas. Porém, amigo Júlio, e para todos vocês. Os "haicais" de Júlio em homenagem a Leminski não são haicais, pois não obedecem às regras mínimas desse genero poético. Haicai sem "kigo" não é haicai. É apenas mais um terceto. Não queremos dizer com isto que não há mérito na homenagem de Júlio ou nos tercetos que compôs. Nada disso. São ótimos os tercetos de Júlio. Mas, não são "haicais". Um abraço & Saludos. Maria José Limeira.

É exatamente isso que estamos falando, Maria!Ele é um dos que tornou o haikai mais conhecido no Brasil. Seus textos que se desviam da rigidez métrica 5-7-5, ousa colocar rimas e não obedece a ligação com a natureza.O melhores sites de haicai e haikaista reconhecem a obra de Leminski.Eu prefiro os haicais clássicos, mas me rendo a criatividade e visão extraordinária desse autor.
Bjins, Betha.

Betha, Betha,

O que é haicai clássico? Haicai é aquele traduzido direto dos ideogramas japoneses; portanto, sem métrica e sem rima. A técnica dos 5/7/5 rimando a 1ª com a 3ª e a a primeira palavra do segundo verso com a última do mesmo, é invenção ou capricho de Guilherme de Almeida.Lembre-se que os haicais chegaram à língua portuguesa via França, Inglaterra e Espanha. Já vieram deteriorados. No Brasil, pelo que sei, o único a traduzir haicais diretos do japonês foi Monsenhor Primo Vieira, que contou com uma amiga que, além de saber a língua e o significado de cada ideograma - um ideograma pode significar muitas coisas - era profunda conhecedora do pensamento filosófico de Bashô. Agora, para contentar a Senhora Maria José, eu mostrei um haicai do meu livro, Liturgia dos Náufragos que obedece a regra de Guilherme. Este é meu: "perco-me de vista/no breu deste silêncio/ de monge trapista.!

Afeto,

Júlio

ps: se os meus haicais para Leminski não são haicais, os dele, que também dominava a língua e a cultura japonesas também não são. Para entornar ainda mais o caldo, observado este site, noventa por cento dos poemas dados como sonetos, também não são, uma vez que os rigores de métrica e rima passaram bem longe. Voltando aos haicais: nesta composição poetica japonesa não há nem métrica e nem rima. Aliás, recentemente, por conta dos cem anos de imigração japonesa, isto foi falado na Tv, inclusive pela ex-mulher de Leminski, a poeta Alice Ruiz.

Outro afeto,

Júlio

Júlio,

Tu pareces não entender quando eu falo ou eu sou bronca de demais para me fazer entender! Não vou ler sobre o estilo em sites especializados e colar aqui coisas prontas. Tenho argumentos para as minhas observações. Não costumo ser leviana com as palavras nem com minhas opiniões. O que EU disse caso não tenhas percebido: gosto da criatividade do LEMINSKI e em nenhum momento falei que os teus haicais, haikais, haikus (ou seja lá que for) não se tratam de textos dentro do estilo.Ao contrário, até elogiei-os. Quando não gosto de um texto eu DIGO ou dependendo de quem for... Saio da página sem dar um pio!
Que haikai o clássico é o japonês escrito com os ideogramas na vertical eu estou de cabelos lisos de saber, meu filho!
Referi-me ao clássico "abrasileirado", 5-7-5, sem rimas, com kigo ligado a natureza ou estação do ano, com as iniciais em minúsculas, conforme aprendi num site de kaikaístas, que para um crítico versado como tu devem ser um monte de pretensiosos. É escolha minha gostar de haikais assim e em nada eu desmereci nem tua homenagem nem os teus textos. Ah, queres saber? Enfastiei...
Bjins, Betha.

Betha, Betha,

O comentário não foi para você. Creio que você não entendeu minha resposta. Acho que atingi o alvo errado. Em todo caso, deixa estar como está. O endereço era outro. Se atingiu você, desculpe. Ocorre que aquela senhora, sua conhecida, partiu para ofensas pessoais. Eu só tentei defender você. Mais nada. Nada tenho contra o seu gosto pessoal. Apenas acho que aquela senhora, e agora digo e não volto atrás, possivelmente mal amada, quis arrumar confusão. E arrumou. Não para mim. Esta resposta você deveria endereçar a ela, que tentou arrumar confusão comigo até na caixinha ao lado. Sempre tive o maior apreço por você. Quanto ao que é clássico e o que não é, tudo não passa de uma questão de rótulo. Villa-Lobos tocou no Municipal, na Semana de 22, de chinelos, meias e fraque. E nem por isso deixou de ser Villa-Lobos. Não dirigi a você nenhum comentário desairoso.Pelo contrário. Em todo caso, isto aqui está longe de ser um tribunal.E, aliás, o botequim mais baixo da minha rua tem gente capaz de discutir de forma muito mais elegante do que esta senhora que você me alertou ser gente boa. E olhe: lá eles discutem futebol, que é paixão nacional - e, como vivem de salário mínimo, pouco estão se importando com tankas, haikais, sonetos e outras bobagens que não levam a nada. Eu, da minha parte, estou habituado com isto. E tiro de letra.

Afeto,

Júlio

ps: sabia que sobraria pra mim.aliás, se quer saber de uma coisa:estou saindo deste negócio que não me leva a nada e nem me dá um centavo. passo.digladiem-se vocês. vou sair desse negócio hoje mesmo.literatura, para mim, é coisa séria.isto aqui é um brinquedo. e eu passei deste tempo.

Júlio,

Pois realmente foi endereçado a pessoa errada, visto se querias dizer a ela, que não colocasses para Betha M.Costa e sim para Maria José Limeira.A ela enderecei a resposta do que por ela foi dirigido faço com todo mundo.
Se como ex-crítico precisas receber para discutir literatura é bom que o faças com teus pares. Não levo a literatura tão a sério, por que escrevo como hobby e para interagir com outras pessoas.Não vivo disso e com certeza, caso fosse viver morreria de fome pois além da falta de talento não almejo uma cadeira na ABL.
Lamento que saias "deste negócio", pois vou ficar sem ter com quem "brigar".Então tá...É isso!
Bjins, Betha.

Adorei seu questionamento. A regra a que você se refere foi criada por Guilherme de Almeida e muito discutida. Uma vez que os haikais chegaram ao Brasil através via França, Espanha e Inglaterra. A métrica 5/7/5 é pura criação. Leminski não a utilizava. Até porque o metro não existe no original japonês. Os ideogramas traduzem uma idéia, não apenas uma letra. No Brasil, o primeiro autor a traduzir os haikais de Bashô direto do japonês foi Monsenhor Primo Vieira
(v. Palha de Arroz, Massao Ohno Editores, 1994). A rima no haikai original também não existe. Senhora Maria José, o haikai exprime uma idéia, um pensamento filosófico breve, uma pequena louvação à natureza e às estações do ano. Os antigos haicaístas japoneses, em sua maioria, como Bashô (Matsuo Munefusa, 1644-1694), eram monges budistas. E valiam-se dos haikais para ensinar seus discípulos. Repito: a técnica com métrica e rima é invenção de Guilherme de Almeida. Haikai também não tem título. Ou até pode ter, segundo Guilherme de Almeida. Apóie-se nas traduções do religioso Primo Vieira, que se valeu da ajuda de uma amiga japonesa, e depois me conteste. Rs rs rs. Aliás, nesta homenagem a Leminski, eu também não disse que eram haikais. Mas são. Veja também na obra do homenageado se ele obedece a tal técnica. E, olhe, Leminski sabia japonês. Algumas obras dele, para sua consulta: Distraídos Perderemos e La Vie en Close. Se preferir, pode também consultar Desorientais, de Alice Ruiz, também haicaísta e ex-mulher de Leminski.

Afeto, Júlio

ps: Se quer com a técnica de Guilherme, eu tenho alguns no meu livro Liturgia dos Náufragos. Eis um exemplo:

perco-me de vista
no breu deste silêncio teu
de monge trapista

_________

Oláááá!!! Obrigada aos amigos pelas explicações. Os debates em torno de "haicais" ou "não-haicais" são sempre muito produtivos & apaixonantes. Resultam também em coisas boas como essas ilustrações que os amigos expuseram. Saludos & Obrigada. Maria José Limeira.

Ao lado das discussões produtivas em torno de "haicais" ou "não-haicais", eu já vi também muitas "embuanças" e chutar os paus das barracas, pois as pessoas apaixonadas parecem não se entender quando o tema é haicai... Bem, os tais haicais não são meus poemetos preferidos, embora eu tenha muita admiração por quem consegue escrevê-los. Saludos. Maria José Limeira.

O haiku (o nome correto é este, apenas foi alterado por uma condição sonora pouco agradável em nossa língua) é uma composição poética como outra qualquer. Ter preferência ou não, querida poeta, é outra coisa. Eu por exemplo adoro aquele poema do Oswald de Andrade que se resume a duas palavras: amor/humor. E aí morreu o poema. Ou este de Cacaso: Arca de Noé, que reza o seguinte: nasceu/fudeu. É uma questão de momento. Acho os parnasianos um porre. Mas, dependendo da situação, às vezes até gosto de ouvir as estrelas de Bilac. Poesia é momento. Um bom poema pode vir numa única linha. Mario Quintana (Mario sem acento) é um exemplo disso. Veja o poema dele BAR: "O doloroso sulco lábio-nasal junto à garrafa morta..." Quer natureza-morta mais linda?
Ou mais viva?!
Afeto,

Júlio

Prezado Sr. Júlio. Agradeço seu esforço para me fazer gostar dos tais "haicais". E também eu não lhe disse ainda sobre minhas preferências literárias... Os poemas em geral não são minha praia, pois escrevo mais prosa, e tenho vários livros publicados (contos principalmente), e não são nada convencionais. Saludos. Maria José Limeira.

Maria,
O que faz a diferença entre as pessoas é sua visão aberta ao mundo, ao novo e o respeito para com as opiniões divergentes. Eu já me arrisquei a escrever poetix, haicai, conto, crônica, soneto, rondel o capeta a quatro!Não temo expor meus escritos e receber merecidas críticas negativas ou positivas.
Eu meto a cara, erro, acerto, erro de novo mas com perseverança um dia aprendo!Sou aprendiz da vida!
Bjins, Betha.

Ilustríssima,

Nunca pensei que uma homenagem a um amigo, um grande poeta, fosse causar tanto alvoroço. Não foi esta a minha intenção. Mas, pelo visto, qualquer discussão no botequim mais sórdido do centro da cidade onde moro, parece ter mais nível do que qualquer conversa com a senhora.

Desculpe Betha,

Você não devia ter-se envolvido nesta discussão. E nem eu ter perdido o meu tempo com esta senhora. Da vez anterior, só me desculpei com ela em consideração a você. Nestes sites quando a coisa descamba para o lado pessoal, é melhor a gente sair. E é o que estou fazendo. Não preciso disto.Gosto muito de você. Tenho você na mais alta estima. Conviver com pessoas como você foi ótimo. Amanhã mesmo meus textos serão retirados. Sua conhecida não tem nível nem para discutir no botequim mais sórdido da cidade onde moro.
A você todo o meu afeto.
Júlio

Júlio

Júlio,
Não me envolvi. Fui envolvida. Como sou rosa-choque misturado com carmim, não me calo nem pro capeta se ele mexer comigo.
Agora larga de criancice!Não vais tirar texto nem um e nem sair do Luso! Anda bate o dedidinho aqui e fazemos as pazes...Até a próxima divergência, é claro!
Bjins, Betha.

Amiga Betha. Obrigada pelas mensagens positivas neste tópico. E mando uma notícia alvissareira:

Meu blog foi selecionado entre os “blogs legais” da Uol, conforme comunicado que recebi:

Olá! Seu blog foi selecionado como um dos legais do UOL. Parabéns!
UOL Blog | indiqueumblog@uol.com.br | http://blog.uol.com.br | 18/06/2008 16:20

OBRIGADA À UOL PELA DISTINÇÃO
e foi por votação do público leitor que meu blog foi destacado.
Saludos.
Maria José Limeira

http://maria-limeira.zip.net

nossa, carlos, você desenterrou esta minha homenagem ao leminski. adorei. obrigado, rs rs rs

abração,

j.