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Despertar de vampiro

 
Eu reviro a manhã num cadáver recente,
Com areia mágica nos olhos adormeci,
Cinzas misturam-se ao ar empoeirado
Circundando minha aura de pesadelo.

Na luz escassa de um dormitório túmulo
Marcas de crucificado no lençol a guisa de profano sudário,
Não espero por milagres em orações mudas.
Eu decepo a esperança com a verdade repreendida
Copulando com as trevas em macabra orgia.

A luz difusa assume vidas perdidas,
Tomando formas e corpos de sensuais rainhas demoníacas,
Acariciando a dor e rindo com minhas lágrimas
Mutilando-me espiritualmente de forma única e precisa.

Eu tenho a marca de prematuro já nascido fraco,
Corrompido ainda assim imortal, pereço de outras formas,
Apodreço de infelicidade casual,livre de culpa
Conservando a aparência lívida de vampiro.

Tristeza abate-se sobre mim, certeira como a noite
e o arrastado transcorrer dos dias,
Em retratos anjos ,em vitrais belas mentiras
Enquanto cuspo sangue na pia de batismo.

 
Autor
RaimundoSturaro
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/07/2008 14:32  Atualizado: 21/07/2008 14:32
 Re: Despertar de vampiro
Raimundo,
Tua poesia desperta sentimentos contraditórios: medo e prazer mórbido.Consegues ser sombrio nas pequenas coisas.
Bjins, Betha.


Enviado por Tópico
João Videira Santos
Publicado: 21/07/2008 14:35  Atualizado: 21/07/2008 14:35
Da casa!
Usuário desde: 23/11/2006
Localidade: LISBOA
Mensagens: 354
 Re: Despertar de vampiro
Gosto de poemas onde as palavras choquem a hipocrisia e os sentidos se escrevam de palavras abertas. Por isso...gostei!