Vêm pela noite escondidos no luar
Trazem o timbre emocionado das estrelas
E a cintilação ébria das abelhas
Ei-los...
Colhendo os murmúrios da escuridão
O corpo uma canção sem solfejo
O frio nos olhos quentes de desejo
E ternos mochos vigilantes
Escravos da dor cépticos dementes
Febris como corpo de amante
Uma semente sem terra, sem sol
Sem húmus que a receba e alimente
Ei-los.
Soltos às feras que se acobertam no silêncio
Rangendo os dentes da dor da ausência
Sentindo no limite das sombras negras
A inclinação silente dos seus poemas
Ei-los...
Que escrevem com os corpos
Os urros das feras solitárias
Nas cavernas obscuras imaginárias
Colhendo ainda verde a madrugada
Uma pétala de flor cheia de orvalho
Uma flor de sol embriagada. Mas...
Vem sempre a manhã e o sol romperá a bruma
No solo apenas uma memória de passos
Desenhados a sangue na caruma
Luz&Sombra