No pântano cheio de nenúfares
onde o mundo parecia não chegar,
um belo condor de asas abertas
corria os céus em liberdade.
Numa de suas viagens
deslumbrou uma bela jovem,
cabelo ao vento e rosto cinzento
lavado pelas lágrimas
que lhe escorriam as faces...
Num voo rasteiro logo se aproximou
e pousou numa velha árvore
que assim lhe confidenciou:
"suas lágrimas só cessariam
quando colhesse uma rosa vermelha
que há muito não existia".
Em alto voo, então o condor
avistou um roseiral de rosas brancas,
enquanto a jovem percorria o pântano
onde a esperança já não aparecia
há muitos dias e noites.
O velho condor com coração cheio de amor
enrolou-se no roseiral bravio
onde um espinho logo o perfurou...
Seu sangue derramou,
sangrou, sangrou e a rosa pintou.
Ao longe a jovem contemplou
a luz dessa rosa agora vermelha,
depressa correu em euforia
e com grande alegria,
colheu a bela flor.
Foi então que observou o velho condor
que não resistira,
e logo pensou
"velho desastrado,
com tanto céu para voar
e logo veio aqui se magoar"
Cada um dá e recebe
com o coração que tem!
(baseado numa fabula de autor desconhecido)
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...