Poemas -> Saudade : 

RETRATO A DORES

 
Olho-te, em papel a cores,
na cabeceira da minha saudade...
Viro-me, reviro-me, levanto-me.
E o teu olhar segue-me,
levemente irónico,
levemente amante,
distante.
Presente.
E eu, carente,
seguro o retrato,
deito-te a meu lado...
mas o teu olhar deixa-me,
perdido no tecto,
alheio ao deserto
do árido leito...
E nem as lágrimas
regam oásis,
e nem as páginas dos meus lençóis
onde escrevo ânsias,
te fazem brotar,
em corpo e carne,
tronco e árvore,
paixão e fruto,
para me dar afago e alento!
Perco-te, na penumbra
sem papel nem sombra...


Teresa Teixeira


 
Autor
Sterea
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1036
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 15/01/2009 17:40  Atualizado: 15/01/2009 17:40
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8095
 Re: RETRATO A DORES
Este poema Sterea sou eu...ao espelho...Devemos mesmo ser irmãs gémeas de alguma antiga geração...não sei como conseguiste retratar o que sinto...e até algumas palavras, eu aprendi a usar nesse tempo (deserto)...Este era para eu não ter lido... Beijinhos.


Enviado por Tópico
António MR Martins
Publicado: 15/01/2009 17:47  Atualizado: 15/01/2009 17:47
Colaborador
Usuário desde: 22/09/2008
Localidade: Ansião
Mensagens: 5058
 Re: RETRATO A DORES
Belíssimo poema, sem dúvidas...

Beijinho

Enviado por Tópico
Norberto Lopes
Publicado: 25/10/2017 11:29  Atualizado: 25/10/2017 11:29
Membro de honra
Usuário desde: 15/03/2008
Localidade: Lisboa
Mensagens: 896
 Re: RETRATO A DORES
A gente perde-se no amargor da saudade, na fuga para a ilusão das memórias colectivas (quando doces) como se condescendesse ao acentuar das neblinas do tempo... como se aceitasse, de bom grado, crueldades ancestrais...

Muy bien, Sterea
besitos
nl