Num deserto de escassas e rudes flores 
Escrevinhei um sentido lúgubre soneto 
Embebi-o em esferas vivas de cianeto 
Para esquecer contornos tão tentadores 
Dei-lhe a rima dos vis e torcidos amores 
E a saudade daquele meu frágil neto 
Pensarei nele com muito amor,prometo 
Espreita-o se inculto e capaz fores 
As letras cruzam-se como tontas cobras 
As hipérboles e metáforas devoram-no 
Arruinando estas claras e belas obras 
O poeta...como seu criador vêem-no 
A vida é disposta nelas em miúdas sobras 
Tão inúteis e extintas vos parecerão,oh leitores! 
Luís Camões 
                
Eternamente Luís Camões /António Plácido