Poemas -> Amor : 

Enterro-te na minha campa

 
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Fizeste-me idolatrar a morte...<br>
Fizeste-me não ter merisecórdia comigo...<br>
A vida passava...<br>
E eu cavava...<br>
Sepúltura funda...<br>
Sempre que vía gritos vãos lançados...<br>
Eu só dizia...<br>
Que fiz eu agora...<br>
Para mais chagas me serem abertas.<br>
Eu tanto te amava...<br>
Que só quería ter-te para sempre bem junto da minha pele.<br>
O teu cheiro era o meu opium...<br>
O teu perfume o aroma do meu cigarro...<br>
Eu perdia-me a ver-te dormir...<br>
Idolatrava teus cantos de sereia...<br>
E esquecia as atrozes feridas...<br>
Lançadas em noites de lua cheia...<br>
E quando o abandono sentía...<br>
Perguntava-te se te podía-te matar...<br>
Para poder perdurar o teu calor...<br>
nas palmas da minha mão...<br>
E nunca mais ninguem te poder roubar...<br>
do meu olhar...<br>
...<br>
amava-te mais do que um anjo ama um deus...<br>
essa imensidão trespassava as minhas glórias...<br>
elas que depois de te conhecer...<br>
deixaram de ter asas...<br>
e as tuas glórias...<br>
essas sim,<br>
passaram a ser a minha biblia...<br>
os teus mandamentos...<br>
eram os meus dogmas...<br>
fui vivendo no teu olhar...<br>
e quando nos amavamos...<br>
a minha alma abandonava-me...<br>
a carne despregava-se...<br>
e naquele rodopio de sentimentos...<br>
em que vestias peles de mil mulheres...<br>
dançavas para mim india na dança...<br>
glamour no ser...<br>
sedutora no me ter...<br>
prendias-me sem o quereres...<br>
ou querías-me para sempre a teus pés...<br>
para um seguidor de uma endeusada teres...<br>
cada vez mais me embriagavas no teu perfume...<br>
para no fim sem merisericórdia...<br>
me espetares uma faca no coração...<br>
E agora????<br>
Não existe piedade no meu olhar.<br>
Não existe sonhos encontrados...<br>
Só sonhos perdidos...<br>
Que ficaram em gavetas perdidos...<br>
no meio de tantos caminhares...<br>
Perdurarás para sempre...<br>
Sonho terno, eterno, doloroso.<br>
Mágoa de um passado.<br>
Mordaz dor que se enterrou lá atras...<br>
E agora ergo sepultura<br>
Neste monte em que me vês...<br>
enquanto lá debaixo...<br>
me vais espreitando...<br>
sem coragem para sequer...<br>
cruzares teu olhar no meu agora mordaz olhar.<br>
<br>


Alexander the Poet

 
Autor
Domitor
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