Sabes para onde vais?

Andam de campainhas qual compasso pascal a alertar-nos para o dia grande, o dia das eleições. Contribuem todos os dias, cada qual á sua maneira para o rico anedotário nacional. É vê-los a trabalhar para as televisões, desenrolando cortinas para encurtar o espaço para que as pessoas fiquem mais juntas e perante as câmaras se torne uma enorme massa humana, é ver os velhos a desembarcar de autocarros sem saber ao que vêm perante as perguntas dos repórteres, lembrando a cena ridícula dos velhos de Famalicão a celebrar a vitória na autarquia do António Costa, lá no terreiro do paço. Esses também não sabiam para onde iam, disseram-lhes que iam a um passeio á capital… e a cena ridícula da Sra. oriunda da classe média-burguesa da capital que fica com comichões só em se acercar da multidão ululante a perdigotar cumprimentos sobre a sua aura de sangue azul, muito constrangida a admitir que não gosta de comícios. Pois não, deve-se sentir melhor nos salões alcatifados a pensar como há-de sacar mais um imposto a essa mesma multidão infeliz que a apoiou. E o vendedor de Magalhães que lá vai na sua marcha “vital” num pré-concilio que o alcandorará para mais quatro anos de boa vida, pese embora ser engenheiro aldrabão altamente carregado de suspeições de negócios que só a família dele lucra. Temos ainda as nossas esquerdas comunistas que cada vez mais são esquerdas caviar, não querendo ouvir falar de países governados pelas suas politicas, países onde não há eleições, onde o povo não fala e é amordaçado. As liberdades só terão razão de ser enquanto não forem governo, depois logo se vê… De quem diz que a Coreia do Norte é uma democracia, está tudo dito.
E eu sinto-me velho, a sair de um qualquer autocarro numa terra que não conheço para ver não sei quem e ouvir coisas que não percebo, sinto-me velho. Também não sei para onde vou…