Que sabes tu?

Que sabes tu da miséria,
se vives alienado?
Passas,
de coração engravatado,
pontapeias o papelão
que me serve de colchão,
e continuas apressado.
Que sabes tu da fome,
da fome e raiva que sinto,
se vives empanturrado?
Raiva das intenções,
fome de oportunidade,
de justiça,
raiva da podridão,
da maldade,
dos empresários
que por ganância,
querem mão de obra a tostão
e vão.
Que sabes tu de mim,
deste andrajo que tu vês?
Pensas tu que eu era assim
e sou preguiçoso talvez?
Roubaram-me tudo:
O trabalho, a casa,
o meu mundo, a dignidade,
a água para me lavar;
e a idade
é pouca ou muita,
conforme lhes interessar.
Que sabes tu de mim,
deste monte de farrapos,
nas arcadas da tua rua?
Eu que era bem vivido,
bem falante
e tal como tu, pedante,
nesta verdade crua,
agora virei sem abrigo.

Que sabes tu?
Nem eu sabia!...
Um dia!...

Enviado por	Tópico
Eduardo.Soares	Publicado: 16/07/2009 12:05 Atualizado: 16/07/2009 12:05
Participativo Usuário desde: 15/07/2009 Localidade: Mensagens: 48	Hum realmente sem palavras, ótima linhas escritas.

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Tópico

Eduardo.Soares

Publicado: 16/07/2009 12:05 Atualizado: 16/07/2009 12:05

Participativo

Usuário desde: 15/07/2009

Localidade:

Mensagens: 48

Hum

realmente sem palavras, ótima linhas escritas.

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Tópico

adelaidemonteiro

Publicado: 16/07/2009 12:45 Atualizado: 16/07/2009 12:45

Colaborador

Usuário desde: 01/01/2009

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Mensagens: 733

Re: Hum

Agradeço o seu comentário.
São realidades muito cruas que podem tocar a qualquer pessoa.
Adelaide

Enviado por	Tópico
visitante	Publicado: 16/07/2009 16:46 Atualizado: 16/07/2009 16:46
	Re: Que sabes tu? Adelaide!Este é o melhor poema social que já li. De uma realidade nua e crua que faz doer. Faz sentir na pele e doer na alma! Sabes? Um dia... qualquer de nós poderá estar nestas condições. Que sabes tu de mim? Já me disseram frontalmente que vivo de esmolas, por estar desempregada, quando vivo sem nada pedir e sem nada dever...ainda! Por isso o teu poema me dói. Beijo azul