Poemas, frases e mensagens de mariagomes

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de mariagomes

Sem saber

 
Abalei a vontade e tragicamente
Sem lealdade construí, a diferença
Agarrei saudade, assim coerente
Sem liberdade vivi a minha crença.

Afugentei a maldade transigente
Sem bondade, instruí, indiferença
Matei a fragilidade, tão inocente
Sem habilidade eu ditei a sentença.

Abanei a mente, de mente, aberta
Sem saber, apenas derrubei ciente
Do amor, da paixão, por ora finada.

Atraiçoei a vida, a da morte certa
Sem querer, ou talvez por acidente
Eu mostrei, que sei, sem saber nada.
 
Sem saber

Argumento para amar

 
Espremo, inquietação, argumento
Lascivo a madrugada, penitente
Sóbria, tenho vida, amor crescente
E eu, subjugada fujo, ao tormento.

Baldada, insónia do pensamento
Flameja a coragem da minha mente
Antevendo o veio hasteado, dolente
Mísera esmola, que dá o talento.

Expulso, armado de aflição o peito
Alivio, a frustração da alma, ciente
Criada à figura desta mocidade.

Eu derrubo o medo, fico sem jeito
Mato a saudade, do feito coerente
E enlaço o amor, à tua amizade.
 
Argumento para amar

Amo e não sou amada

 
Entrego-me quando me mente
O teu frio, ou falso sentimento
E eu só vivo apenas o momento
Quando não sou eu devidamente.

E o prazer, que o corpo já sente
Pelo carinho, que ainda sustento
Em cada dia, que passa aumento
Por amar-te assim, perdidamente.

Entreguei, ao amor a minha vida
Já de preconceitos toda despida
Deixando no teu leito o meu calor.

Assim, eu já não sei se isto è amor
E ainda entrego o corpo, ardente
À cama fria, pelo teu amor ausente.

19 de Janeiro de 1985 - Cruz
 
Amo e não sou amada

Paixão ao luar

 
Ao luar, adormeci a inquietação
Sonhei com ela, em tempo hábil
Acordei, o meu avesso e em Abril
Eu lapidei arestas ao coração.

E com ele me ausentei da vida
Adormecida fiquei ao luar, feliz
Sonhei de novo, o raiar como quis
Levitei, sussurrei, mais querida.

E no silêncio fiquei eu, tão a gosto
Enxuguei as lágrimas do rosto
Como sem dó, dei o nó da tradição.

E retoquei o amor da alma, amada
Tropecei neste luar e sem nada
Levantei-me embriagada de paixão.
 
Paixão ao luar

Amor

 
Eu vou à beira mar, impaciente
Fogem de mim ondas enfurecidas
Onde levo eu as mãos erguidas
A pedir saúde, paz, amor suficiente.

Tu vais à beira mar, já coerente
Levas as tuas mãos bem estendidas
A pedir a união e às escondidas
Rezas num sentido árduo e penitente.

Eu vou, tu vais no verbo ir presente
E do passado ao futuro das nossas vidas
Nós vamos os dois e como quem sente.

Estar unidos pelo amor e de repente
De mãos dadas já com elas mais unidas
Nós vamos à beira mar, humanamente.

O que vamos lá fazer!...
 
Amor

Não te amo

 
Baixinho, vais voando, ao meu redor
Como na gaiola, um passarito voa
No ar andas a viver por mim à toa
Pousa e vê, que eu não te tenho amor.

Nem voando assim, alcanças o valor
Palavra amor ao ouvido não te soa
Olha, e vê, que a vida já não é boa
E não esperes que venha a ser melhor.

Bate asas, passarito e não me esperes
Eu não posso dar-te o que tu queres
E não vivas preso, às minhas asas.

Tu vê então, que assim nunca te casas
E põe teus pés bem assentes no chão
E não vivas toda a tua vida em vão.

A um amigo especial.

21 de Fevereiro de 1976
 
Não te amo

O meu Mundo

 
Eu alcancei sabedoria em relação
A vozes, que mentem normalmente
Como conseguem ganhar bem o pão
Enquanto falta tanto a tanta gente.

Ensinamentos guardo e se me dão
Trabalhos, que eu tão dificilmente
Ainda faço, como fiz com gratidão
Cumprindo ordens da voz que mente.

Se vivo de compreensão, tolerância
E sou feliz, talvez por ignorância
Tenho sonhos belos, hilariantes.

Nada me valeu, saber, que é pouco
E senti a bravura do mundo louco
Pelas razões duras e constantes.
 
O meu Mundo

Vida adulta

 
Tenebrosa ala, do tempo bera
Frequente a vida é filha da luta
Quando aos poucos discorda, labuta
Descontente do sentido e da Era.

Descalça a nudez, da Primavera
Contente em busca do que disputa
Porque aos poucos sente, o que escuta
Na descoberta útil, da quimera.

E estremece fria e lúcida, só talvez
Nas contas do destino está escrito
Na orla da vida o silêncio, dança.

A viagem feita aos poros, da nudez
E que abraça a mingua do infinito
E deixa duma vez, de ser criança.
 
Vida adulta

A amizade dos poetas

 
De mão dada com a Luso graciosa
Lá vai a Maria bem mais contente
Bem mais feliz e mais grandiosa
Com esta linda amizade recente.

É tenra ainda, mas já bem valiosa
E acordada no peito de boa gente
Que louva nesta escrita honrosa
Que é de todas a mais diferente.

Porque saúda os poetas em geral
Este soneto bem simples e sincero
Ao dar as mãos de amigo, afinal.

E agora que vou terminar, assim
Somente desejo e também espero
Que esta amizade não tenha fim.

homenagem aos poetas da Luso Poemas
em especial aos amigos
 
A amizade dos poetas

Rodopia (em) graça

 
Roda e gira, ou rodopia
Em tudo aquilo que engraça
E passa então com alegria
A folia numa praça
Que de saber se distinguia
Pela força e pela raça
De dar um grito, aleluia
Trespassa a poesia, que traça
Ou disfarça a farsa, que ria.

Gira e roda, ou enlaça
Em laços de nostalgia
E leva consigo o que passa
Nesta terna poesia
Rodopia sempre a taça
E traça as rédeas da fantasia
Antes de vir a desgraça
Que desfaça a graça do dia
Ou rodopia o que ria sem graça.
 
Rodopia (em) graça

Diferente

 
Numa certa noite subi montanhas
Nos tristes sonhos do meu peito
Acordo a ver coisas más, estranhas
E pensar se será meu, o defeito.

Olhei, entre colinas tamanhas
O caminho espinhoso, tão estreito
Esse, que levas e que me ganhas
Quando eu te vejo sempre perfeito.

Encheis meu coração, maus sonhos
Que já não me deixam liberta
De sentimentos ruins e tristonhos.

Sonhos, que eu arranco brutalmente
Nos dias, que me ponho, alerta
Acordo dos sonhos, sou diferente.
 
Diferente

Sopro com vaidade

 
Sacramento, o meu peito, amado
Aguço a vontade, feita tirana
Exponho, esta dor dura, insana
A que me veste, a alma de pecado.

Embrenho-me, e depois ao teu lado
Exercito tudo, o que me engana
E dispo preconceitos e leviana
Danço ao som do sentido, já dotado.

Envergo o véu lúdico, transparente
E cubro-me de melodia, musical
E deixo-me em candura, já formosa.

Ergo-me sóbria, também diferente
Na manhã de sobressalto, matinal
E velo a formosura, mais vaidosa.
 
Sopro com vaidade

Juntos no amor

 
Na mão trémula do meu destino
Subo a fantasia do medo, atroz
Levanto sóbria, o grito na voz
Que não tem tento, piedade e tino.

E na fúria do tempo, peregrino
Já vem a nostalgia, sempre a sós
Ergo-me, desnudo, tudo em nós
Como a soletrar o nosso hino.

E na onda d’ amor, com melodia
Traça, o destino de uma alegria
Na maré do mar vai, a solidão.

Na vida d’ amor e nos momentos
Trocamos beijos e movimentos
Ao destino da nossa direcção.

13 de Maio de 1983
 
Juntos no amor

Canto e o mal espanto

 
Tragicamente derrubei, o medo
E teci, as malhas dum poema puro
Ansiei, um amor sadio e seguro
Imaginei, um futuro em segredo.

Carente, derrotei, a fantasia
E eu teci, as teias desta amargura
E ameiguei, a paixão, a ventura
E adicionei o tempero na poesia.

Por acidente teci eu, esta escrita
escrevi com pena a gratidão de mim
Com magia supri a mágoa da emoção.

Desta voz, que tanto fala! E grita
No pleno derradeiro, deste meu fim
Eu ergo, em mastro firme, esta canção.
 
Canto e o mal espanto

Viagem de felicidade

 
À viagem do tempo, ato a melodia
Ameigo, a vida na ala deste amor
Fraca memória me traz e sem sabor
Na guerra das palavras uso, ousadia.

Dispo a silhueta de perfil, vaidosa
Afeiçou, a guarida do meu temor
E no tempo que danço, já sem rigor
Na fonte das letras, listo formosa.

Na orla do destino me deito sombria
Piso a mágoa, a dor e sem feitiço
Eu já olho a Lua e nua, me sustento.

Na réplica do sonho, abro fantasia
E minh’ alma sossega, com isso
Viajo feliz, de mui’ contentamento.
 
Viagem de felicidade

Sem razão!

 
Por razões, que a razão desconhece
Eu sou quem fica triste, por mim
Em tudo, que a vida tira e padece
Eu sou, a que luta sempre até ao fim.

Por razões, que a razão, já conhece
Sou a que colhe flores, no jardim
A que com razão, já não merece
Eu sou, a que por isso ao Mundo vim.

Eu sou, a que na terra anda perdida
Por razões, que sem razão me perdi
E sou, a que não sabe o que é vida.

E sou talvez aquela, que encontrada
Assim, por alguém que não mereci
E sem razão carreguei a cruz pesada.
 
Sem razão!

A receita do amor

 
Coloquei uma pitada, de malícia
Adicionei, um amor e na paixão
Mexi, o grão de açúcar na carícia
Fiz chegar ansiedade, ao coração.

Com um ramo de flores, temperei
O destino de uma vida, para dois
E com o aroma perfumado, amei
E a união do prazer, junto depois.

E o tempero apurado, no desejo
Eu ajustei toques, à temperatura
Juntei, um abraço com um beijo.

E massajei, o presente da receita
Também dei mais calor e doçura
À calda do amor e ficou perfeita.
 
A receita do amor

Os pecados mortais

 
Quem na luxúria duma carência
E com dom, faz tudo por cobiça
Na tentação o pecado, se atiça
Por crença, faz uso da tendência.

Quem por vaidade faz penitência
E na ira, um suspiro se enliça
Reza, de mãos postas, a preguiça
A gula em comunhão, abstinência.

Eu faço amanhã, um mau futuro
Que faz da soberba por vingança
O remoinho de avareza, crucial.

Disfarça a calúnia, no murmuro
Por estupidez, perde a confiança
E comete outro pecado, mortal.
 
Os pecados mortais

Murchou a flor do amor

 
O canteiro da vida em mim floresceu
No matizado da Orquídea, em flor
Ao beijar a tua face, ò amor meu
No Lilás desbotado, da tua cor.

Desabrochou a Rosa do nosso amor
E que de tão pequeno, se perdeu
Voou nas asas negras do condor
Agora amor finado, que é o teu.

Em cada beijo trocado me embalou
Encandeado, perdido se enganou
E jaz no teu peito, ou no teu jardim.

E em cada abraço dado, me iludiu
Desfalecido e acabado se fundiu
E choram as flores com dó de mim.
 
Murchou a flor do amor

Fiz um livro

 
Eu fiz um livro da própria vida
Com a mágoa, dor ou desgraça
Fiz de tudo um pouco, vencida
Pela desventura, que aqui passa.

Também fiz poesia convencida
Que não tinha valor nem graça
E fiz de tudo enquanto perdida
Como em tudo que quero ou faça.

E pela lucidez deste momento
Eu confesso então, valer a pena
Fazer da alma o coração atento.

E pelo descontentamento, atroz
Eu confesso também estar serena
Ao fazer deste livro a minha voz.
 
Fiz um livro