TUA IMAGEM - 1º Lugar - Luso de ouro!
NELIAXP - 1º Lugar - Luso de ouro!
8 - TUA IMAGEM
Chegaste num dia sem data
Marcado pela urgência de me encontrares
Tua persistência, tua voz meiga e olhar poético
Tomaram conta de mim...
Emergimos em promessas num silêncio profundo
Soltando beijos em carícias de cetim
Onde os corpos bailando se entregavam...
No teu sorriso embrulhei o meu sonho
Sorvi o néctar inebriante de cada amanhecer
E colei a tua imagem serena e calma
Nos contornos da minha sombra...
Manuela Matos
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RECOMEÇAR [1]
RECOMEÇAR [1]
É no universo das palavras que tento reconstruir o teu nome...
Desnudo-me no silêncio envolvente do teu olhar
Onde se soltam pérolas cristalizadas pela demora do reencontro...
Ainda soa ao meu ouvido o riso incandescente das crianças...
O voo ondulante das aves aviva-me a memória e os meus lábios rubros
Desenham a mágoa que a despedida marcou...
Queria tanto que estivesses aqui!
Escrever na tua pele o rascunho das noites que sonhei contigo
Falar-te dos segredos, vazios e silêncios que em mim ficaram...
Trago em mim todas as palavras que não te disse
Palavras esculpidas na magia e trocadilhos de um poema...
Como tarda o dia da tua vinda!
Rasgo o último adeus na memória dos dias que nos aconteceram
Colo-me à última esperança deste meu desassossego,
Desta minha loucura de mãos vazias...
Quero acordar a esperança que dorme em mim
Recomeçar onde os nossos sonhos se estilhaçaram
Antes que o sol se esconda na brisa da noite…
Amor, casas de novo comigo?
Manuela Matos
DO OUTRO LADO DA RUA
Do outro lado da rua
Há meninos com olhos rasgados
Há mães com olhos molhados
Há gente com sonhos frustrados...
Do outro lado da rua
Há tristeza e solidão
Há famílias sem pão
Há vozes que gritam
E há vozes que calam...
Tanta coisa acontece
Do outro lado da rua!
Há pessoas que cantam chorando
Há outros que choram cantando
Há multidões que adormecem sofrendo...
Do outro lado da rua
Podia ser a minha vida e a tua!
Ali do outro lado
Onde há braços cansados
Planos adiados
E seres humanos à espera
De serem amados...
Manuela Matos
(Poema incluído no livro "CAMAS DE PAPELÃO"
de Álvaro Bastos, de apoio aos sem-abrigo)
TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS
TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS
Percorri os espaços abismais
Procurando a gente do meu país
Vi tudo o que gostei e o que não quis
Vi multidões em lamentos, em seus ais!
Pensei serem sombras ancestrais
A vaguear pelas ruas da cidade
Eram rostos sem esperança, sem idade
Amargurados na tristeza – vi demais!
Vi crianças despreocupadas e com graça
Sem noção de uma vida com espinhos
Vi jovens deambulando pelos caminhos
E idosos indiferentes a quem passa!
Palmilhei cada esquina, cada espaço
Andei caminhando por aí
Regressei infeliz pelo que vi
- Pessoas à procura de um sorriso,
- Seres humanos carentes de um abraço!...
E assim se vai passando a mocidade
Indiferente ao tempo que nos conduz
Lutando por uma réstia de luz
Somos iguais na diversidade...
Manuela Matos
Menção Honrosa II Concurso de Poesia Pablo Neruda 2010/11
TUDO PASSA...
TUDO PASSA...
Por vezes os dias são anos
E os anos são segundos
E por vezes nós julgamos
Ter o domínio dos mundos...
Corre o tempo sem parar
Tudo passa nesta vida
E neste constante labutar
Quase ficamos sem saída...
Quantas vezes nós fingimos
E quantas vezes nós caímos
Num marasmo tão profundo...
E avançamos como lesmas
As batalhas sempre as mesmas
Que se escapam num segundo!...
Manuela Matos
APENAS SONHAR
APENAS SONHAR
Olho as nuvens,
Vejo o além…
Sinto-me leve e pequena
E voo, como se tivesse asas.
Vou já muito alto.
Avisto tudo tão pequeno,
Tão simples!
Olho para o sol
Que brilha à minha frente.
O seu clarão faz-me ver
Tudo tão escuro,
E sinto-me mais pequena ainda!
Corro atrás dele,
Mas não o alcanço…
Estou já cansada,
As minhas asas douradas
Prendem-se por um fio!
Fico suspensa… parada…
De repente, desço velozmente
Em direção à terra!
Tudo se torna grandioso,
Complicado…
Os meus pés estão já fixos
No solo.
Os meus olhos estão bem
Abertos.
Olho para tudo:
Tudo tão absurdo, tão estranho…
Existem as intrigas,
As complicações, os vícios…
Há ódio e guerra…
Há crianças que choram,
E sofrem…
Mas porquê, meu Deus?
Porquê tanta lágrima,
Tanta amargura,
Tanto sofrimento!?
Porquê o egoísmo,
A fome, a morte!
O mundo está cansado!
A humanidade está doente!
Porque preferem
A ambição e a ganância
Em vez da doce calma da paz!?
Manuela Matos
MAR EMBRAVECIDO
MAR EMBRAVECIDO
Ó mar imenso e faminto
Que tudo queres no teu leito escuro
E profundo!
És feito de gotas de espuma branca
Enraivecida…
És uma força única, reunida,
E tudo queres…
Pedras e areias movediças,
Peixes gigantes, navios e barquitos,
Algas, plantas verdes e calhaus,
Água dos rios e regatos,
Se te sujeitam…
Inocentes que na praia brincam
Alegremente,
Pescadores que ganham em ti o pão,
Que queres roubar,
Tudo subjugas…
Mais tarde tudo volta a ti
Ó mar negro e caprichoso,
Que tanto albergas
No teu leito doloroso!
Finges brincar com areia dourada
Para a levares contigo...
E os riachos que se formam
Na praia
E as minúsculas conchas
Que de ti fogem,
A ti voltam de novo,
Submissos ao teu poder…
E as crianças correm na areia,
Saltam e salpicam-se
De gotas salgadas…
Estes salpicos que as crianças
Divertiste,
Estes salpicos insensíveis à dor
São as lágrimas que de saudade
Choram
Os que engoliste!
Manuela Matos
VEM POESIA
VEM POESIA
Vem, poesia, são horas,,
Vamos rimar
Neste embalar
Doce e lento de maresia…
Quero embrenhar-me
Nas palavras que trago
No pensamento,
Dar-lhes vida,
Dar-lhes encanto,
Construindo magia
Ao entardecer…
Vem, poesia, minha amiga,
Minha alma gémea
Que me sustém
Neste meu sonho
De ser poeta…
Vem destilar
Todo o meu ser
Como suave brisa
Batendo no rosto
Em noites de luar…
Vem, poesia, são horas,
São horas de rimar!…
Manuela Matos
ETERNAMENTE MULHER
ETERNAMENTE MULHER
(“Esta homenagem é tua
Neste dia que é teu
Ministério de dons
Ministério da mulher”)
Um dia foste criança,
Hoje mulher,
Continuando vidas gerações!
És Eva das multidões
De vidas vividas!
És mulher,
Esposa,
Mãe...
Mulher criança,
Mulher... mulher...
Nesse posto sublime
De criar
E ser!...
Mulher... Energia... Vida...
De onde vem essa força
Que te inspira,
Que te segue,
Que te guia,
Que te anima,
A seres sempre tu,
Mulher?!
Ânimo,
Coragem,
Luta,
Na tua busca
E constante labuta,
Anseias a paz,
A harmonia,
O amor!
Em ti não há
Ironia,
Todo o sonho é teu,
Toda a esparança
Te pertence!
Não importa a idade,
A raça,
A cor dos olhos...
Em ti permanecerá sempre
Essa vontade
Imensa
De servir...
De criar seres
Em ti gerados,
Entre lágrimas e sorrisos,
Entre ralhos e abraços,
Vivendo...
Vivendo para dar!...
Não há favoritismos,
Nem feminismos,
Só uma realidade
Imensa
De que és e serás sempre
Mulher!
Manuela Matos
ANSIEDADE
ANSIEDADE
Como sou? Ninguém me responde!
A minha consciência nada me diz,
Acusa-me às vezes daquilo que esqueço
Mas porquê, meu Deus? Eu nada fiz!
Ajuda-me Senhor, a descobrir…
Perdoa-me se já fiz mal…
Pois eu não quero fingir
Nem quero pensar em tal!
Sinto desejos de acabar assim…
Sem saber se de bem se de mal
-É o que dizem de mim!
Pois só Tu, ó Omnipotente,
Me poderás julgar sem mentir,
Que a opinião dos outros me é indiferente!...
Manuela Matos